Nos anos de 1970, o economista Ignacy Sachs formulou o conceito de ecodesenvolvimento, que propõe um modelo de desenvolvimento com enfoque territorializado, adaptado às realidades ecológicas, culturais e socioeconômicas locais, com destaque para a participação comunitária e a valorização dos saberes e fazeres tradicionais.

Na década seguinte, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente, no relatório “Nosso Futuro Comum”, apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável como a capacidade de satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades, no contexto do planejamento do progresso humano.

Não obstante compartilharem os objetivos de preservação socioambiental, valorização da cultura e justiça social, tais termos se distinguem pela forma como examinam a relação entre natureza, sociedade e economia e quanto aos meios e à escala de atuação.

O desenvolvimento sustentável intenta conciliar crescimento econômico, justiça social e proteção ambiental, compatibilizando progresso econômico com conservação ambiental na busca de soluções amplas e integradas. Por seu lado, o ecodesenvolvimento valoriza a descentralização das decisões na gestão dos recursos naturais e a integração entre cultura, meio ambiente e socioeconomia em escala comunitária.

Contemporaneamente, a discussão sobre o desenvolvimento está consolidada no conceito de desenvolvimento sustentável. Entretanto, para a formulação de políticas públicas, é preciso compreender e combinar estas duas concepções. Uma visão mais global ou mais local depende dos objetivos, dos recursos disponíveis e das características socioculturais de cada território. A complementaridade dos dois conceitos diminui as desigualdades entre pessoas e territórios e amplia as possibilidades de continuidade da vida no presente condicionado pelo futuro, que é projeto sempre.

▪️ Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e diretor superintendente do Sebrae/CE.