No último final de semana, uma entregadora por aplicativo denunciou ter sido enforcada por um cliente que teve o cartão recusado ao efetuar o pagamento. Além da agressão física, o idoso insultou verbalmente a vítima e chegou a jogar a bolsa dela no chão.

O caso aconteceu no bairro Meireles, na área nobre de Fortaleza. A discussão foi gravada por outro entregador que estava no local.

Este não é um caso isolado. Constantemente estes trabalhadores são alvos de agressões físicas e verbais, de acordo com a Associação de Motoristas de Aplicativos do Ceará.

“O último levantamento que fizemos apontou que pelo menos uma em cada quatro pessoas que trabalham no serviço por aplicativo em Fortaleza e Região Metropolitana sofrem agressões, sejam verbais, físicas ou veladas”, revela Rafael Keylon, fundador e presidente da Associação.

Os profissionais cobram apoio e posicionamento das plataformas.

“Nenhum trabalhador sente por parte dos aplicativos a iniciativa de alguma proposta para redução ou conscientização da questão da violência, os órgãos públicos, tampouco, os órgãos que os trabalhadores poderão procurar após a agressão feita”, comenta.

Já a psicóloga clínica, Sahra Roque, diz que a violência contra os entregadores muitas vezes é motivada pelo viés social, quando o cliente passa a enxergar o prestador de serviço como “objeto”.

“Se pensarmos socialmente, pelo viés social, a intolerância tem raiz no individualismo e no imediatismo. Estamos mais intolerantes, devido à tecnologia, onde tudo está literalmente na palma da mão, isso acaba por nos fazer cair na armadilha de objetificar tudo e todos, já que passamos a enxergar prestadores de serviço como meras ferramentas parte desse sistema. Podemos controlar comportamentos”, explicou a psicóloga.