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Professora cearense é exemplo de inclusão no Dia do Orgulho Autista

por Carla Santiago - 18/06/2025 às 18:00

No Dia do Orgulho Autista, celebrado nesta terça-feira (18), a trajetória da professora Renata Teixeira, que atua há mais de 20 anos com crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista), virou símbolo de inclusão e acolhimento. Em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, ela é conhecida por seu trabalho sensível, centrado em respeitar o tempo e a individualidade de cada aluno — como no caso de Guilherme, de 12 anos.

Autista verbal, Guilherme só foi alfabetizado aos 10 anos de idade. Ama o silêncio, prefere não manter diálogos longos e tem fascínio por Legos e pelo universo. Seu modo de ver o mundo é diferente — e foi justamente isso que Renata soube valorizar.

“Ela entendeu que o Guilherme não precisava se encaixar. Era o entorno que precisava mudar”, resume Raissa de Lima, mãe do garoto. Para ela, o maior aprendizado foi perceber que o silêncio também comunica e que cada gesto, por menor que pareça, tem significado.

Renata, que atua como professora da rede pública e também forma colegas na área da inclusão, acredita que a empatia é o ponto de partida. “Não se trata de impor padrões, mas de criar possibilidades. A gente ensina, mas também aprende com cada aluno”, diz.

Uma luta diária por empatia e respeito

A caminhada da família de Guilherme até o diagnóstico não foi fácil. Raissa relata que desde cedo percebia diferenças no comportamento do filho, mas só com o tempo veio a confirmação do autismo. O acolhimento da escola e, principalmente, o olhar da professora Renata foram essenciais para que a adaptação acontecesse com afeto.

Mesmo com o avanço nas políticas públicas, a luta das famílias de pessoas com TEA continua. “A sociedade ainda espera que eles se moldem, que sejam ‘funcionais’. Mas o que precisa mudar é a maneira como olhamos para eles”, defende Raissa.

Renata não apenas alfabetizou Guilherme, como também contribuiu para ampliar a visão da própria família sobre o que é aprender e ensinar. “Foi com a escola que ele aprendeu a ler. E foi com o Gui que eu aprendi a ver o mundo de outro jeito”, afirmou Raissa em entrevista.

Dados sobre o espectro autista no Brasil

De acordo com o IBGE, o Brasil tem cerca de 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de TEA, o que representa aproximadamente 1,2% da população. A prevalência é maior entre meninos (1,5%) do que entre meninas (0,9%).

A maior incidência está na faixa etária entre 5 e 9 anos, em que cerca de 2,6% das crianças são autistas — o que equivale a 1 em cada 38. Outro dado relevante é que 36,9% das pessoas com TEA estão frequentando algum nível de ensino, acima da média nacional, que é de 24,3%.

Mesmo com esse avanço, especialistas apontam a necessidade de investimentos contínuos em formação docente, acessibilidade nas escolas e conscientização para combater o preconceito e o capacitismo.

Educação inclusiva começa pela escuta

O exemplo da professora Renata mostra que não é necessário transformar o estudante para incluí-lo. Ao contrário: é preciso transformar o ambiente. “A escola tem que ser o lugar onde todo mundo cabe. E, pra isso, a gente precisa parar de querer que todos aprendam do mesmo jeito”, defende a educadora.

No Dia do Orgulho Autista, a história dela é mais do que uma homenagem. É um lembrete: quando a educação se abre para a diversidade, todos ganham.

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